Comportamento Digital das Pessoas no Mundo Abril 2020

Tempo de leitura: 12 minutos

Comportamento Digital das Pessoas no Mundo – Abril 2020

O mundo mudou dramaticamente nos primeiros três meses de 2020, com a pandemia do COVID-19 impactando quase todos os aspectos de nossas vidas.   Essas mudanças também foram claramente evidentes nos comportamentos digitais do mundo, especialmente quando bilhões de pessoas recorrem a dispositivos conectados para ajudá-los a lidar com a vida e o trabalho em segurança, o que significa, em casa.

O relatório DIGITAL IN em abril de 2020, dedicou parte significativa para explorar e atualizar as tendências digitais, incluindo o comportamento de como as pessoas em todo o mundo estão usando a internet, as mídias sociais, os dispositivos móveis e o comércio eletrônico.

Os principais movimentos digitais nas pessoas nesse primeiro trimestre incluem:

  • Grandes saltos na atividade digital, especialmente em países que sofreram os mais estritos bloqueios sociais;
  • Aumentos significativos no uso de mídias sociais, com chamadas de vídeo no centro do palco;
  • Aceleração e a adoção do comércio eletrônico, principalmente para compras de supermercado;
  • Um aumento na quantidade de tempo gasto jogando videogames e assistindo a esportes;
  • Algumas oportunidades inesperadas para anunciantes digitais.

Os dados mais recentes mostram que o número de usuários da Internet e de mídias sociais em todo o mundo aumentou mais de 300 milhões nos últimos doze meses. No total, são 4,57 bilhões de pessoas usando a internet, e 3,81 bilhões usando as mídias sociais. Os dados sugerem que até o final de 2020, o uso das mídias sociais atingirão 50% da população.

Digital ao redor do mundo – abril 2020

  • População Global: 7.77 bilhões
  • Usuários de Celulares: 5,16 bilhões (66% da população global)
  • Usuários de Internet: 4,57 bilhões (59% da população global)
  • Usuários de Mídia Social: 3,81 bilhões (49% da população global)

COVID-19: As pessoas gastam mais tempo com seus dispositivos

Os dados mostram o aumento do gasto de tempo das pessoas  em seus dispositivos, durante o isolamento social. Em primeiro lugar vem o aumento no uso de celulares (76%), seguido do uso de lap tops (45%), e desktops (32%).

As pessoas relatam que estão mais tempo assistindo TV também. O tráfego da Netflix atingiu níveis mais altos de todos os tempos durante o isolamento social nos EUA.  A própria Netflix anunciou que atraiu 16 milhões de novos assinantes  ao seu serviço nos primeiros 3 meses de 2020.

Isolamento Social: grande impacto nos hábitos digitais de consumo

Os dados da GlobalWebIndex revelam que o comportamento digital das pessoas não está só no aumento do uso de dispositivos, mas também naquilo que estão consumindo no mundo digital.

Em primeiro lugar as pessoas relatam estarem assistindo mais shows e filmes (57%), seguido do uso de mídias sociais (47%) e serviços de mensagens (46%). Na sequência vem ouvir música (39%), aplicativos de celulares (36%) e games (35%). Esses dados foram constatados em todas as faixas etárias, prevalecendo nas faixas mais jovens.

Muitas pessoas (15%) relatam que vão continuar usando seu serviço de streaming e suas mídias sociais por mais tempo. Mas vale lembrar que esses novos hábitos são o resultado de um aumento de tempo livre, e há uma boa chance de voltar o que era antes quando essas pessoas voltarem ao trabalho, e puderem a voltar a socializar no mundo físico. As plataformas digitais se tornaram nossa melhor, senão a única oportunidade de nos comunicarmos com o mundo exterior.

Aumento do uso das Mídias Sociais por País

Todos os países pesquisados relataram aumento nas atividades das mídias sociais. No Brasil mais da metade dos usuários (58%) relataram esse aumento no uso.

As Mídias Sociais acreditam no crescimento real de seus usuários

As mídias sociais já representavam metade do tempo em que gastamos em nossos telefones celulares em 2019, mas com o isolamento social houve aumentos consideráveis.

Mark Zuckerberg em uma entrevista, anunciou que houve o dobro do uso de chamadas feitas via WhatsApp e Facebook Messenger desde o inicio do isolamento social nos países europeus.

Em alguns países, como a Itália onde o isolamento foi intenso, o número de chamadas via Facebook Messenger envolvendo mais de três usuários aumentou em 1000%. O TikTok e o Snapchat cresceram vertiginosamente, inclusive no Brasil.  Com isso, além do aumento em de tempo, as  mídias sociais, viram um crescimento real na sua base de  usuários no primeiro trimestre de 2020.

As Videochamadas são o Futuro das Mídias Sociais?

Os aplicativos de videochamadas se tornaram rapidamente o centro da vida profissional de muitas pessoas, e também uma ferramenta importante  para manter o contato com amigos e familiares durante a pandemia.

O serviço de teleconferência Zoom relatou que teve até 200 milhões de usuários ativos diariamente nas últimas semanas (abril/2020), 20 vezes mais que o período pré-pandêmico, sendo um dos 10 aplicativos mais baixados em todo o mundo. Outro aplicativo campeão foi o Google Meet com 30 vezes mais downloads em comparação com períodos anteriores ao COVID-19.

Os Novos Comportamentos permanecerão?

Não está claro até que ponto esses novos comportamentos permanecerão quando as pessoas puderem socializar novamente, mas com muitas pessoas usando essas plataformas várias vezes ao dia, é provável que muitas delas tenham superado algum tipo de barreiras com as mídias sociais.

Como resultado, há uma probabilidade real de que muitos hábitos em relação às mídias sociais, que as pessoas tenham adquirido durem mais que a pandemia e, uma mudança para mais interações digitais “cara a cara” pode ser um legado importante dos bloqueios de coronavírus em comportamento de mídia social no mundo.

O Paradoxo da Publicidade

O aumento nas atividades dos usuários nas mídias sociais, inclusive clicando em mais anúncios, não significa um aumento de investimento em publicidade. Há inclusive, uma pressão pela diminuição dos custos de publicidade por parte das empresas.  O próprio Facebook relatou aos seus investidores: “O Facebook não está monetizando muitos dos serviços em que estamos vendo um aumento do envolvimento”.

A maioria dos profissionais de marketing estão trabalhando com a diminuição dos custos em publicidade em seus orçamentos, a boa notícia é que o custo da publicidade digital parece ter caído, enquanto a probabilidade de o público se envolver com esses anúncios subiu simultaneamente, o que pode ser visto como uma oportunidade se houver um orçamento seguro em publicidade.

As Marcas deveriam estar pensando em publicidade no momento?

O gráfico mostra a opinião por país.

A pesquisa da Kantar mostra que mais da metade dos usuários da internet (51%) aprovam que as marcas continuem anunciando normalmente, no Brasil 64%, apesar da pandemia, em comparação com 18% que desaprovam e 31% que são indiferentes.

Entretanto as marcas precisam ter cuidado no conteúdo de seus anúncios durante a crise de pandemia, acima de tudo as marcas precisam demonstrar empatia, compaixão e sensibilidade. Este é um momento para pensar em como a sua empresa e seus produtos podem realmente ajudar outras pessoas no momento da necessidade.

O foco do conteúdo das marcas em tempos de COVID-19 deve estar na solução de problemas, não na venda de produtos.

O conteúdo pode ser sobre a produção de produtos e serviços que ajudam ativamente a abordar questões atuais, como a Burberry fabricando equipamentos de proteção individual para médicos da linha de frente ou a LVMH convertendo suas fábricas de fragrâncias para produzir desinfetante para as mãos em hospitais franceses.   Tem outros exemplos de empresas brasileiras nessa direção, veja na matéria do site.

No entanto, criar conteúdo que ajude as pessoas comuns a alcançar os seus objetivos também pode agregar um valor significativo às marcas. Os tutoriais e vídeos de instruções estão entre os principais tipos de conteúdo que os consumidores desejam mais durante a crise do Covid-19, e isso pode ser uma oportunidade atraente para as marcas B2B.

Filmes, games, tutoriais, TVs, música, então entre os principais conteúdos que as pessoas querem consumir atualmente, veja abaixo:

Mix de Marketing nas Plataformas Digitais

Os profissionais de marketing se preocupam com o fato de estarem presentes em várias plataformas digitais ao mesmo tempo para permanecerem relevantes. Novas plataformas podem oferecer novas oportunidades, de formatos de conteúdo a custo por impressão reduzido.

No entanto, se o alcance for o foco principal, o gráfico abaixo pode orientar na tomada de decisões, quando se trata do mix de canais, ajudando a identificar qual a proporção de usuários de cada plataforma digital.

O que se tem que levar em consideração é que pouquíssimos usuários estão em uma “única” plataforma.

Para entender o gráfico vou dar um exemplo: as maiores plataformas, o Facebook e o YouTube tem os maiores públicos  em comum, sendo que 87% dos usuários do Facebook  estão no YouTube  também. 

Outro exemplo, apenas 1% dos usuários do TikTok e Snapchat dizem que não usam outras plataformas sociais, o que significa que os profissionais de marketing podem alcançar 99% dos usuários dessas plataformas por meio de outros canais.

Os jogos são a melhor escolha para um mundo confinado

Os vídeos games tem sido uma escolha popular entre as pessoas em isolamento social.   A pesquisa mostra que cada quatro em cinco usuários de internet no mundo já jogavam vídeo game. No entanto, no primeiro trimestre de 2020, os downloads semanais de jogos para celular aumentaram em 30%, isso significa mais de um bilhão de jogos por semana. Houve um incremento de 5% de compras dentro dos jogos.

Influência crescente dos celulares

Os dados mais recentes do GlobalWebIndex mostram que a participação do celular no tempo total da Internet aumentou novamente no quarto trimestre de 2019, e os dispositivos móveis agora representam mais de 51% de nossas vidas conectadas.

Velocidade da Internet

Durante o isolamento social, aumentou a demanda pelo uso da internet. Dessa forma muitos países sofreram quedas significativas nas velocidades médias de downloads para conexões móveis e fixas à internet no primeiro trimestre de 2020. O aumento repentino no streaming de vídeo, principalmente o de videoconferência como o Zoom ou streaming como o Netflix, resultou em um aumento significativa na demanda, e dada a natureza inesperada desses aumentos, as redes foram afetadas.

O mundo se volta para o comércio eletrônico

Quase metade dos usuários da Internet pesquisados ​​pela GlobalWebIndex no início de abril disse estar gastando mais tempo em compras online nas últimas semanas. No Brasil  46% dos internautas disseram ter aumentado o seu tempo em compras online.

Aumento de compras online por item durante o COVID-19

  • 33% Alimentos e Mercearia
  • 29% Necessidades domésticas
  • 27% Produtos de Cuidados Pessoais
  • 19% Roupas
  • 17% Itens de Entretenimento
  • 15% Cosméticos e Produtos de Beleza
  • 12% Chocolate
  • 9,9% Guloseimas
  • 9,7% Casa e Jardim
  • 9,6 % Álcool
  • 7,7% Móveis e Eletrodomésticos para Casa
  • 5,1% Presentes para outras pessoas
  • 3,6% Viagens

Após o isolamento social,  é quase certo que as pessoas retornem às lojas físicas, mas também há uma boa chance de que alguns de nossos novos comportamentos perdurem.

Em particular, em países que enfrentam bloqueios que duram mais de um mês, há uma chance real de que novos comportamentos comecem a se tornar hábitos reais. Pesquisas sugerem que leva aproximadamente dois meses para que um novo comportamento se torne um hábito “automático”, embora a frequência da ação também seja uma consideração importante.

E commerce no Brasil

No Brasil especificamente, Mauricio Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), afirmou que na primeira quinzena de março, em meio a pandemia,  houve lojas virtuais que contaram com crescimento de até 180% em setores como saúde e alimentação.

No setor de beleza e perfumaria, as vendas de suplementos alimentares (ou “pílulas da beleza), em ambiente online dispararam quase 655% durante os primeiros dois meses da atual  pandemia.  Depois das pílulas da beleza, o que o brasileiro mais pediu no período foram produtos para coloração de cabelo (483%), xampu (306%), removedores de esmalte (277%), produtos pré-barba (228%) e xampu e condicionador para barba (71%).

O que vai acontecer?

Ninguém sabe quanto tempo a pandemia COVID-19 continuará mudando nossas vidas. É difícil oferecer conselhos sobre os próximos passos. No entanto há algumas coisas que precisamos refletir:

  • É provável que o uso de videochamada e teleconferência permaneçam em níveis mais altos do que eram antes da pandemia. Muitas empresas superaram as barreiras iniciais ao teste de implementação dessas ferramentas, por isso é provável que essas ferramentas se tornem mais presentes na vida dessas empresas.
  • Com muitas pessoas confiando mais nas compras de supermercado online, esse comportamento provavelmente irá continuar, pelo menos uma parte dele.
  • À medida que as empresas lutam com o impacto econômico, os orçamentos de publicidade podem levar meses para voltar ao normal. Como resultado, as marcas juntamente com os seus parceiros de agência precisarão usar a sua criatividade. Com custos de publicidades reduzidos precisam focar em ações orgânicas, com canais e formatos que realmente tragam resultados para as marcas.

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