Origem das Grandes Marcas – História

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Atividade Artesanal

A atividade artesanal está presente em toda a história da humanidade.

O camponês medieval vivia da agricultura de subsistência, ou seja, produzia alimentos para garantir a sua  sobrevivência e de seus familiares.  Realizavam também  o trabalho artesanal por necessidade de vestimentas mas, o uso da roupa era uma necessidade básica e  puramente funcional, geralmente tinham duas vestimentas: uma para o trabalho e outra para usar aos  domingos.  Ainda assim para  vestir-se o camponês tinha que tosquiar a ovelha, fiar, tecer e costurar.  Eles dispunham e fabricavam pequenos utensílios e ferramentas.

A partir do século XII, com o desenvolvimento do comércio e das cidades, o camponês foi deixando a agricultura e passando a dedicar-se exclusivamente ao seu ofício, ele escolhia aquele que tinha habilidade ou que já estava dentro da sua família, surgindo então uma corporação de mestres e aprendizes, que produziam para um mercado pequeno, mas em desenvolvimento.

Esse mecanismo perdurou até o séc. XVI. Nessa época os produtos que existiam eram apenas produtos desenvolvidos artesanalmente buscando atender a demanda local e, a  utilidade deles era unicamente funcional (móveis, ferramentas, utensílios para cozinha e roupas).

As demandas por produtos aumentavam

A partir do século XVI ao século XVIII, as demandas por produtos aumentavam juntamente com o aperfeiçoamento das ferramentas para execução do trabalho. Dessa forma, novas ferramentas permitiam o desenvolvimento de novos produtos.  Sendo assim, alguns mestres foram se tornando pequenos comerciantes locais e, com o aumento de seu poder aquisitivo, passou a pagar outros artesãos para que fizessem o trabalho para ele, que passou então a se dedicar mais ao comércio. 

Muitos artesãos perderam a sua independência nessa época, o que permitiu que passassem a  trabalhar para um comerciante local, ou em pequenas fábricas, em troca de salário. Pela primeira vez, os consumidores estavam desconectados da produção de suas coisas.

Os pequenos comerciantes queriam se identificar

Os pequenos comerciantes dessa época, ou os  empreendedores como conhecemos hoje, criavam um produto e o produziam em suas casas ou em pequenos galpões.  E os negócios mantinham-se em família. Dessa forma, esse pequeno comerciante,  começava a sentir a  necessidade de se identificar, nessa pequena sociedade que se formava e criava um nome (marca)  ou um desenho (logomarca),  com a ajuda de artistas e intelectuais da época, e os colocavam na parede de seus galpões, como se fosse uma obra de arte.

O talento dos artistas e os empreendedores se aliam

O talento dos artistas se alia ao espirito empreendedor e as maiores marcas são criadas entre 1890 e 1940. São elas: Hermes, Burberry, Chanel, Prada, Alfa Romeo, Audi, Chevrolet, Ford, Nestle, American Airlines, e brasileiras como a Mate Leão, Souza Cruz, Droga Raia, Casas Pernambucanas, Tramontina, entre tantas outras, são todas originadas nessa época. O Design já mostrava a sua importância na diferenciação das marcas e produtos.  

A primeira escola de design do mundo, a Bauhaus despontou na cidade de Weimar, Alemanha, em 1919.

A Revolução Industrial

Entre os séculos XVIII e XIX (1760 e 1840) um conjunto de transformações tecnológicas, econômicas e sociais ocorreram na Europa, particularmente na Inglaterra.  O processo da Revolução Industrial foi impulsionado, num primeiro momento pelo aperfeiçoamento de máquinas de fiação e tecelagem e pela invenção da máquina à vapor, da locomotiva e de inúmeras máquinas e ferramentas. Dessa maneira, essas transformações resultaram na instalação do sistema fabril e na difusão do modo de produção capitalista.  Mas foi a máquina à vapor  que inaugurou uma fase decisiva na revolução.

Diversos ramos se desenvolvem

As indústrias começaram a se aperfeiçoar nos diversos ramos, inclusive em pesquisas científicas, no ramo do conhecimento, permitindo o desenvolvimento de setores como a  eletricidade, e assim gerando progressos na comunicação como o telégrafo.

Dessa forma, pouco a pouco o artesanato foi dando lugar a uma indústria em plena expansão, e aquele cenário de pequenos grupos de artesãos com seus mestres e aprendizes produzindo para uma pequena demanda local e com finalidade de uso funcional, foi dando espaço a uma sociedade industrializada e de consumo, caracterizada pela produção crescente de bens de consumo duráveis e muitas vezes supérfluos.  A oferta de produto tem um crescimento vertiginoso. As ferrovias levavam pessoas e produtos mais rápido e mais longe do que jamais visto antes.

O artesão perde a importância e valorização dos primórdios, mas não sai de cena. Ele continua fazendo parte do processo industrial,  mas com uma outra conotação.

Conceito de Marca Registrada

Os donos de negócio começam a manifestar o interesse de protegerem as suas criações, registrando as suas marcas.   Surge o conceito de marca registrada. Os produtos ao longo do tempo vão se caracterizando, vão se diferenciando por suas marcas registradas.   Esse conceito  evoluiu de simples etiqueta com nome para marcas de confiança e responsabilidade.

Produtos e máquinas eram reconhecidos pelas pessoas  pelos nomes de quem as criavam, algumas pessoas  patenteavam e outras não, mas uma coisa era certa: o reconhecimento que um produto ou máquina tinha localmente, com a expansão do comércio começam a dissipar-se.

Marca registrada representava uma proteção legal para as empresas e somente isso, e ainda é nos dias de hoje, assim como garantia de exclusividade de seus produtos, sua qualidade e serviços. A marca registrada também era uma forma de declarar os interesses da empresa, e quem ela é.

Os consumidores valorizavam as marcas registradas porque significava uma segurança de receber pelo que se pagou, começava uma relação de confiança com a marca.

Registro vários atributos da Marca

Naquela época, o registro de slogans ou marcas era o suficiente,  hoje a tendência é registrar também  formatos, cores, fragrâncias e até sons.

Distinguir os produtos através de marcas registradas funcionou durante algum tempo, mas a grande competitividade dos mercados e a grande oferta de produtos  trouxe uma preocupação adicional: o que realmente o meu produto pode representar na vida do consumidor. O Design entra definitivamente na vida das marcas, criando, desenvolvendo produtos, se envolvendo nos processos, dando vida e funcionalidade aos produtos.

O conceito de marcas começa a despontar então num cenário onde a Revolução Industrial estava à todo vapor, a população  assim como a demanda por consumo continua crescendo, mas, em contrapartida a oferta inundou o mercado de produtos dos mais diversos segmentos.  

Conceito de Marcas

O conceito de Marcas vem numa época onde a necessidade de criar  diferenças entre os produtos se tornou o foco das empresas em todos os ramos.  As empresas passaram a observar que corriam o risco de não serem vistos, e passando a se preocupar a cada dia mais com isso. As marcas ampliam suas linhas de produtos e aumentam o alcance de segmentos através de licenciamentos.

Áreas de produto e de planejamento financeiro crescem dentro das empresas. Crescer com planejamento é necessário para manter e fortalecer a imagem das marcas das empresas.

Atualmente as empresas precisavam buscar incessantemente a garantia de que seus consumidores reconheçam os valores embutidos em suas marcas e produtos mesmo antes de decidir compra-los.   Começando pelos valores tangíveis como preço, qualidade, serviço, caminhando pelos  valores intangíveis como o glamour, status serão impressos na imagem dos consumidores, chegando até o reconhecimento  dos benefícios emocionais que ela pode trazer.

Uma marca não é sobre ter a melhor qualidade, necessariamente, mas é saber o que se pode esperar dela. E receber. É ser consistente.

“Em um dia comum você normalmente entra em contato com cerca de 1.500 produtos com marca registrada.  Se for ao supermercado serão 35.000”.    (Lovemarks, O Futuro Além das Marcas, pág 27, autor: Kevin Roberts – CEO Mundial da Saatchi & Saatchi).

Lovemarks, O Futuro Além das Marcas.  Kevin Roberts.

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